{image}http://eldia.co/images/stories/logos/logo_cut_dep_internacional.jpg{/image}BOGOTÁ — Forças do governo conseguiram fechar um hospital clandestino das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) na capital do país e desmantelaram parte das Redes de Apoio ao Terrorismo (RAT).
Duas casas comuns de tijolos, no bairro operário de Usme, em Bogotá, foram colocadas sob vigilância da Direção de Investigação Criminal e Interpol (DIJIN) nas semanas que antecederam a operação conhecida como “República 130”. Agentes do órgão observaram combatentes feridos sendo levados à casa para tratamento e recuperação, que eram realizados pelas enfermeiras das FARC conhecidas pelos vulgos de Tatiana e Viviana.
“Essas mulheres usavam seu conhecimento, trabalhando em um prédio que foi adaptado como depósito de medicamentos e como clínica para tratamento e reabilitação de guerrilheiros feridos”, afirma o diretor da DIJIN, general Carlos Ramiro Mena.
A operação ocorreu após o anúncio em 26 de fevereiro de que as FARC estariam abrindo mão do sequestro de civis por dinheiro. Mas o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, insiste que o grupo guerrilheiro cesse a prática de sequestro e todos os demais atos de terrorismo antes de iniciar as negociações de paz com seu governo.
Em novembro último, tropas do governo mataram Guillermo León Sáenz Vargas, vulgo “Alfonso Cano”. O supremo comandante das FARC de 63 anos morreu em um tiroteio nas montanhas do departamento de Cauca, no sudoeste da Colômbia. Pouco depois, Santos classificou a morte do terrorista como “o golpe mais devastador que o grupo já sofreu em toda sua história”.
Sob o comando de Henry Castellanos Garzón, vulgo “Romaña”, os guerrilheiros feridos em ação no departamento de Meta — localizado ao sul de Bogotá e que dá acesso ao vasto Parque Nacional Natural Sumapaz — seriam levados para Usme. Lá, os rebeldes, afiliados à Frente Ariari das FARC, receberiam cuidados até se recuperarem.
No início de março, 12 membros das RAT foram capturados e uma pequena fábrica de uniformes idênticos aos utilizados pelas tropas do governo foi tomada. Diz-se que esses uniformes seguiam para o sul, às zonas de conflito, onde os militantes das FARC — disfarçados como tropas do governo — criavam falsos bloqueios nas estradas perto de instalações militares para fins de sequestro e extorsão.
Embora esses ataques em Usme e Meta tenham produzido resultados significativos, as informações recolhidas na operação servem para lembrar os civis e o governo o quão perto as FARC estão de Bogotá e quão fácil é para os rebeldes chegar à cidade.
Há muito, o distrito de Usme é um problema para a polícia de Bogotá, pois acaba em uma grande e aberta estepe a apenas 30 km da capital. Com altitudes que variam de 1.500 a 4.360 metros acima do nível do mar e com pontos de entrada que descem da Cordilheira dos Andes para as florestas de várzea dos departamentos de Meta e Huila, esta é uma região difícil de ser patrulhada — algo que não passou despercebido por Romaña e pelo membro do Secretariado das FARC Mauricio Jaramillo, vulgo “El Médico”.
Romaña, que ainda não foi preso pelas forças de segurança, era o braço direito de Jorge Briceño Suárez, vulgo “Mono Jojoy”, o ex-comandante militar das FARC morto em um ataque em setembro de 2010 em Meta. Agora, Romaña supervisiona a mesma área que seu ex-chefe e, por sua vez, tem forte participação na coordenação das chamadas “milícias urbanas” do grupo rebelde e na supervisão do transporte de armas, munições e explosivos para Bogotá.
Apesar de Romaña continuar foragido em Meta, as forças da DIJIN conseguiram capturar um guerrilheiro subversivo de nome Jaider Henao Naranjo, vulgo “Diego Guapuchon”.
Em comunicado à imprensa, Mena, da DIJIN, disse que este subversivo era “diretamente encarregado da coordenação do tráfico de armas, munições e explosivos da organização para Bogotá, cuja maior parte era negociada com a venda de coca em várias áreas periféricas da cidade de Mesetas [no departamento de Meta]”.
Em uma reviravolta que mostra a importância da operação policial e militar, Naranjo — capturado junto com seu irmão, Alexis Henao Naranjo — tem ligações diretas com Mauricio “El Médico” Jaramillo, membro do Secretariado das FARC encarregado das unidades guerrilheiras móveis.
Com a captura dessas milícias urbanas das FARC, a polícia diz ter encerrado uma investigação iniciada em novembro de 2011, quando uma granada foi detonada no norte de Bogotá, pois Mono Jojoy, Romaña e Guapuchon estavam entre os principais líderes das FARC que tinham experiência em explosivos.